Pandemia: estudo cria hipótese para novos casos de cetoacidose diabética e diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes

Estudo conduzido por pesquisadores de Ribeirão Preto avaliou o comportamento do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) durante a primeira onda de Coronavírus na região e comparou os dados com períodos anteriores. “Relatos internacionais e a percepção do aumento de internações de crianças e adolescentes diabéticas nos motivaram a iniciar esse estudo”, comenta Dr. Sonir Antonini, endocrinologista da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo e orientador da pesquisa.

Após avaliação dos dados, a conclusão de hipótese dos autores é que o aumento da frequência e gravidade de novos diagnósticos de DM1 em vigência de cetoacidose diabética (CAD) grave de outubro de 2019 a fevereiro de 2020 foi 40% contra 75% casos em 2020, no período inicial da pandemia. A associação do medo de contaminação e saturação dos atendimentos de urgência pode ter levado os pacientes procurarem atendimento médico apenas em fases mais avançadas dos sintomas, além da diminuição do o ao atendimento ambulatorial, onde os novos casos poderiam ser detectados antes da CAD.

Mais comum em pacientes com diabetes tipo 1 (DM1), a cetoacidose diabética é uma emergência médica, caracterizada quando os níveis de açúcar no sangue (glicose) estão muito elevados e acompanhados do aumento da quantidade de cetonas. Se essa condição não for tratada com urgência pode levar o paciente ao risco de morte. Durante o primeiro semestre de 2020, Alemanha, Itália e Inglaterra publicaram relatos de aumento do número de novos casos de cetoacidose diabética (CAD) e maior proporção de CAD grave. A Inglaterra também reportou aumento do número de casos novos de DM1.

No estudo de Ribeirão Preto, nas duas comparações, o número de casos novos de DM1 aumentou durante a pandemia. Para cada 1000 atendimentos de urgência foram 5,2 casos em abril-agosto de 2017 contra 9,9 casos no mesmo período em 2020. Entretanto, a maioria deles não teve infecção por Coronavírus documentada. A relação entre doenças virais e o desencadeamento de autoimunidade, culminando em DM1, já foram descritos para diversos vírus e, recentemente, vêm sendo apontados como possível ligação entre o aumento de casos de DM1 e a pandemia atual.

“A hipótese é de que o vírus utilize receptores expressos no pâncreas para ar as células pancreáticas, prejudicando a secreção de insulina e glucagon. O estabelecimento de uma possível relação entre infeção por SARS-CoV-2 e novos casos de DM1, se existente, depende ainda de longa e detalhada observação, com casuísticas adicionais para ser confirmado”, conclui Dr. Sonir.

Redação

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